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Marco Antônio Cruvinel Lemos Couto e Luiza Carvalhaes Albuquerque

30/12/2024 10h12 - Atualizado em 30/12/2024 às 10h12

O segmento lácteo e as perspectivas para o ano de 2025

Foto Divulgação Jannoon028 Freepik

O leite e seus derivados vão muito além da nutrição; eles são verdadeiros pilares que sustentam economias, preservam tradições e levam alimento a milhões de pessoas em todo o mundo. Cada copo de leite carrega consigo uma história de dedicação, inovação e resiliência, refletindo o trabalho árduo de produtores, técnicos e especialistas que transformam esse recurso natural em produtos de qualidade. Não enxergamos o setor lácteo apenas como um mercado, mas sim como um movimento vivo, que evolui constantemente e impacta positivamente a sociedade. Ele é capaz de moldar o futuro de nossas comunidades, contribuir para o desenvolvimento sustentável e garantir que a excelência do campo chegue às mesas das famílias.

Do produtor rural às fábricas, do leite fresco aos queijos maturados, esse setor representa uma cadeia de valor essencial para o mundo. E é por isso que seguimos comprometidos com a inovação, a qualidade e o fortalecimento desse movimento que nutre não só o corpo, mas também a economia e a cultura em cada região. Se o futuro apresenta desafios, ele também abre portas para grandes oportunidades. Em um mundo que busca alimentos mais nutritivos, práticas sustentáveis e mercados mais conectados, o setor lácteo tem um papel essencial a desempenhar. A inovação, a eficiência produtiva e a adaptação às novas demandas do consumidor serão fundamentais para fortalecer essa cadeia tão importante.

Pesquisas do Cepea indicam que o poder de compra do pecuarista leiteiro continua em queda, enquanto os custos operacionais tendem a subir gradualmente ao longo do ano. O primeiro impacto será sentido na produção de volumoso, devido ao aumento dos preços dos fertilizantes, embora uma possível redução nos valores do concentrado possa trazer algum problema no primeiro semestre. Diante desse cenário, busca-se por maior eficiência na produção e na adoção de tecnologias seguras para garantir a competitividade do setor. Mais do que nunca, a inovação e o planejamento estratégico serão aliados dos produtores, ajudando a equilibrar custos e maximizar a rentabilidade. O setor lácteo resiliente é essencial, tem a oportunidade de se reinventar, superar desafios e continuar alimentando o mundo com qualidade e excelência.

O contexto econômico mundial segue desafiador, impactado por conflitos geopolíticos e pelo crescimento econômico abaixo do esperado em economias importantes da Ásia e da Europa. O Fundo Monetário Internacional (FMI) projeta um crescimento modesto de 1,8% para as economias desenvolvidas em 2024, enquanto os países em desenvolvimento deverão crescer 4,2%, com destaque para a Índia (6,2%) e uma China com desempenho mais tímido, de 4,5% .Apesar desse crescimento desigual, há uma expectativa de aumento na renda global, o que pode contribuir para o consumo de bens e serviços, incluindo leite e obrigações.

Nos últimos meses, a produção mundial de lácteos apresentou sinais de recuperação, acompanhados de uma estabilização dos preços internacionais. Esse equilíbrio entre oferta e demanda tem favorecido a rentabilidade da atividade em muitos dos principais países produtores, incentivando uma possível expansão da oferta no futuro próximo. No Brasil, os indicadores macroeconômicos apontam para um crescimento acima das projeções iniciais, com uma estimativa de 3,5% em 2024, segundo o último Boletim Focus. O mercado de trabalho segue aquecido, garantindo melhores condições de renda e fortalecendo o poder de compra da população. Esse cenário tem favorecido o setor lácteo nacional, permitindo uma maior oferta de produtos e a manutenção de preços elevados. No ano ado, os preços dos lácteos tiveram um aumento médio de 10%, superando a inflação de 5%. Apesar da queda recente no valor pago ao produtor, ele ainda se mantém acima do registrado no mesmo período do ano anterior. Além disso, os custos de produção do leite subiram apenas 2% no último ano, o que contribui para um ambiente mais favorável à ampliação da oferta.

Diante de um cenário econômico incerto, produtores e laticínios precisam adotar estratégias inteligentes para garantir a sustentabilidade e a competitividade no setor. Criatividade e diversificação são as palavras-chave para enfrentar os desafios que 2025 promete trazer. Uma das alternativas em ascensão é a produção de leite artesanal e queijos especiais, que têm conquistado cada vez mais espaço no mercado. Essa pode ser uma excelente oportunidade para pequenos e médios produtores agregarem valor ao leite e conquistarem um público disposto a pagar mais por produtos diferenciados. Além disso, a especialização se torna essencial. A cadeia de leiteira é complexa e pode ser dividida em diferentes segmentos, como produção de volumosos, criação de animais, produção do leite e produção de derivados lácteos. Identificar a área de maior interesse e focar esforços nela pode aumentar a eficiência e a rentabilidade do negócio.

Para a indústria, a diversificação do portfólio também será fundamental. O consumo tem sido direcionado para alimentos mais saudáveis, funcionais e sustentáveis, e os laticínios devem acompanhar essa tendência, investindo em inovação e desenvolvimento de novos produtos que atendam às exigências do consumidor moderno. Em tempos de desafio, a capacidade de adaptação e a busca por novas oportunidades podem fazer toda a diferença. O setor lácteo tem um enorme potencial de crescimento e, com planejamento e inovação, produtores e laticínios podem transformar desafios em novas conquistas.

Saudações Laticinistas

Marco Antônio Cruvinel Lemos Couto

Luiza Carvalhaes de Albuquerque

Site Ciência do Leite